Somos de facto um país de velhacos! Por pura ideologia queimaram-se livros, por ordem ministerial, após o 25 de Abril e, afinal, havia muito responsável que «não sabia»! Mais, quando se falou na imprensa, anos a fio, na queima de livros, o ícone repetido à exaustão eram os autos de fé feitos na Alemanha nazi. E, no entanto, aqui tão perto, havia uma verdade próxima, mas escondida. Eis a liberdade de expressão e de informação neste país, onde ainda há esqueletos nos armários! Tudo isto só é possível por uma razão, a cumplicidade de quem sabe com quem esconde. É isto que dita a nossa história, o ser quase sempre «oficial», a hipocrisia e o jogo da conveniência a sua moral mesquinha. Ao «Cavaleiro de Oliveira» queimaram-no os da Inquisição «em efígie»! O queimado, vivo em Londres, teria comentado que nunca teria sentido tanto frio na vida. Ora isso mesmo senti eu ao ler «O Público» de hoje, onde o Adelino Gomes teve a coragem de, vencida a nova censura, contar, finalmente, a história da queima dos livros! Um frio de rachar! De rachar mesmo!