Como nunca me intimido com o que ainda não li, lá trouxe mais uma abada de livros. Entre eles um caderno saído do interminável espólio do Fernando Pessoa, a que a Teresa Rita Lopes, sua compiladora chamou de «A Hora do Diabo». São escritos vários, de momentos distintos, em torno do que poderia ser um conto sobre o Maligno, o «senhor absoluto do interstício e do intermédio, do que na vida não é vida». Como o livro era pequeno comecei a lê-lo, por cima dos outros desprezados, que se acumulam, pacientes, à minha espera. E eis-me ante esse deus triste, que é ele próprio o desejo, mas que só por interposto gesto acaricia. Fiquei-me por aqui, pensativo. Acho que não acabo hoje a leitura. Talvez por interposta pessoa o conseguisse.