25.10.05

Aquém do possível

Imagine-se uma cabeça vazia, sem um pensamento, sem uma névoa de uma melancolia sequer. Imagine-se um corpo dorido de cansaço, espécie de reumatismo generalizado, os ossos num feixe, os músculos exaustos. Imagine-se um mundo despovoado de almas, atulhado de corpos sonâmbulos. Imagine-se. Não se saia da imaginação, fique-se assim imobilizado, os olhos escancarados de morto. Com o chegar do frio as coisas pioram. Eis junto a mim uma folha de papel, totalmente em branco. Nada do que eu pudesse ali escrever me é possível imaginá-lo.