18.10.05

A vingança

Lembro-me de ser miúdo e ver como era. Iam à capoeira, filavam uma e cravavam-lhe a faca na goela. O sangue esguichava às golfadas e ela estrebuchava frenética, recusando a morte. Acho que ainda cheguei a perguntar se lhe doía, mas tenho a certeza de que me mandaram calar. Habituei-me a comê-las, sem pensar nisso. Hoje juraram vingança e ameaçam matar-nos, aos milhares. Talvez nem perguntem se nos vai doer. É-lhes indiferente.