25.3.06

Em hora de azar

Como ninguém gosta de tipos acabrunhados e macambúzios, e como uma pessoa se torna embaraçosamente notada quando anda pelas vielas da amargura, optei este sábado por abastecer-me na livraria da alegria. Nos meus tempos de garoto, havia no barbeiro onde cortava o cabelo, ao lado dos livros de quadradinhos «O Mundo Ri». Em casa da minha mãe ainda há por lá, amarelinho de antigo, o «Gazes Hilariantes» do Nelson de Barros. Claro que tudo isto é hoje de alfarrábio e de loja de adelo. Fui por isso à literatura fina e dei de caras com uma reedição do livro «As pessoas felizes», que a Agustina Bessa-Luís escreveu em 1975. Trouxe-o comigo. Devolvido, enfim, ao sofá da leitura, cheguei à conclusão que ando em hora de azar. Calho abrir a página 187 e logo ali onde vem: «No ano de 1971 caiu sobre a família dos Carrancas uma série de calamidades. Aconteceram num ritmo tão rápido que não deixaram de impressionar toda a gente. As pessoas felizes desagregavam-se». Desisto.Vou ler o «Angústia para o jantar» do Luís de Sttau Monteiro, ou então, talvez, melhor, vou mesmo jantar, que o meu mal deve ser fome.