O homem explicou-me como era na ilha de Jersey. Fiquei a saber como gostava do coletinho que vestia por cima da camisa, as casas bem aquecidas por dentro, as pessoas indiferentes ao frio da rua. Claro, imaginei, que é um paraíso fiscal e aí vive-se à grande. Só que, no caso dele, trabalhava lá numa pizzeria, era a farda dos empregados, hoje guiava um táxi. «O senhor parece que está com frio», perguntou-me, como quem afirma, ao ver-me tão embuçado. «Não», respondi-lhe entre dentes, «estou é com arrepios!». É do «grisol» rematou ele, no vocabulário portuga que não há ilha de Jersey que nos seque na língua.