Hoje acordei com a notícia que se perfaziam dez anos que faleceu o Vergílio Ferreira. E eu que, pacientemente estou a reconstituir a biblioteca com os seus livros, e a lê-los vagarosamente pelos cantos, vivi o dia todo com a urgência de vir aqui deixar ao menos uma palavra de lembrança. Uma sua amiga disse, a esse respeito, que se deve ter deixado morrer. Pressentia-se isso mesmo em cada página da sua «Conta-Corrente», esse diário que teimava em manter. Toda a sua obra é precisamente o anúncio desse momento de agonia e de solidão. «Não me dói o morrer (...). O que me custa é ter vida a sacrificar, vivi tudo o que é possível nas vidas», escreveu em «Rápida, a sombra».