Eu tenho um amigo que é sábio. Não é só a cultura invulgar, a extensão e profundidade daquilo sobre o que se sabe. Procurou-me hoje, como o fazem os amigos quando não lhes aparecemos. Compreendi-o quando irradiou um sorriso acerca de terem nascido patinhos nos jardins da Fundação Gulbenkian; compreendeu-me quando lhe falei da capoeira da minha infância e da aflicção da galinha, que chocou o final dos ovos de uma pata entretanto morta, ao ver, o galináceo coraçãozito aos saltos, o que julgava serem os seus pintos, a atirarem-se para a água, logo ao saírem da casca. Eu tenho um amigo que é sábio e um sábio que é meu amigo, porque hoje, ao ter-me procurado, compreendeu nesse instante o tempo em que se era feliz.