29.4.06

Um modo de contar

Voltei aqui, desesperado de cansaço, depois de uma semana a trabalhar contra vontade, no que chamam a minha profissão «liberal». O José de Almada Negreiros escreveu ou disse, ou ambas as coisas até, que «quem trabalha que nem uma besta é evidentemente uma besta». Li isso hoje à tarde, um sábado com as ruas refulgentes de sol, um sol cansativo, perseguidor, que endoidece por encandeamento, um sol que me confina, a cabeça a estalar, ao mais sombrio de mim e ao sono reparador. Acordei, depois de ter dormido que nem uma besta. E, contando, as bestas, a que trabalha e a que dorme, já vamos em duas, incluindo o «evidentemente».