Trancado de manhã e de tarde trancado, rodeado de gente soturna, a ouvir e a vêr o lado feio e mau do mundo que o cerca. Dia após dia, ano após ano, floresce lá fora a primavera e sempre a um homem a viver no interior de um mundo sem paisagem nem natureza. Uma ânsia de um momento de paz, toma conta de uma pessoa que assim vive ou julga que assim é viver. Lembro-me de uma cena horripilante de uma mão hirta e enclavinhada, saída de um esburacado momento de uma casota em madeira, como se, através dela, todo um corpo se quisesse libertar. Ali dentro morriam sufocados, envenenados a gás, todos os membros de uma família. Aquela mão era uma tentativa de escapar ao inevitável, até que as forças lhe faltaram.