29.8.06

As leis da Natureza

Claro que eu tinha de ir ler imediatamente Dostoiévski ao chegar. E foi ao lê-lo, naqueles seus «Cadermos Subterrâneos» que me encontrei «com um homem que tivesse, para cúmulo, a especial infelicidade de viver em Petersburgo, a cidade mais abstracta e mais premeditada do planeta». Tudo isto é discutível, eternamente polémico, pretexto para uma interminável discussão para «chegarmos, mediante as mais inelutáveis combinações lógicas, até às mais repugnantes conclusões». Ao ver hoje aquela cidade-cenário, palco de uma itinerante comédia de rua, a contínua passerelle da beleza efémera e do exibicionismo do que é bem, sente-se que é de facto «impossível perdoar às leis da Natureza».