Diz-se dos amores inesperados que se anda neles «embrulhado». Ora eu, infiel ou talvez inconstante, interrompi a leitura do livro com que andava repito «embrulhado», porque encontrei numa livraria em Setúbal um livro do Agostinho da Silva, o «Caderno de Lembranças». O livreiro era amigo do professor e tem dele, por isso, uma fotografia do filósofo errante não consigo, mas com o seu filho mais miúdo. Pequeno, o livro é um convite para que o tenhamos como companhia num intervalo da vida obrigatória e foi nele que vi que teria valido a pena viver «tendo à volta uma muralha de livros tão alta quanto possível, para que me escondesse bem da vida que por aí vai». Por mim, comecei já a reunir primeira fieira de pedregulhos livrescos, em torno da cama, barricando-me nela.