Hoje é dia do pai. E eu, que tenho uma vida de filho e uma saúde de avô, corro o risco de não chegar a netos. Restam, é certo, as mulheres, de quem se é inocentemente filho e com quem se fazem maliciosamente filhos. Hoje é o dia de me lembrar disto tudo. Resta-me plantar uma árvore, porque livros já escrevi. Se for alta, ainda me penduro nela, não enforcado - cruzes ! - mas a fazer elevações e flexões abdominais até que, condoídos com a flacidez do que de mim sobeja, surjam no horizonte, uns quantos dos amigos que restam e me levem - salve-se a dignidade do que fui! - para o lar dos sem família dos órfãos e dos estéreis, a legião dos sem dia certo nem data a comemorar.