Ontem, dia de preguiça deliberada, ainda consegui arranjar tempo para iniciar a leitura de uma novela da Clarice Lispector que tem o título apelativo «Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres». Trata-se daquele livro em que parece que perdemos a página inicial, porque começa «, estando tão ocupada».
A vida deveria ser assim também, iniciar-se com uma vírgula e sobretudo não ter ponto final.
Trata-se da história de uma mulher que descobriu que «não tinha um dia-a-dia, mas sim uma vida-a-vida», e que não usava «perfumes que a contradiziam».
Como é possível que eu hoje, contradizendo-me, nem tempo tenha tido ou, pior do que isso, disposição haja encontrado para voltar para os braços da perfumada leitura, na minha noite-a-noite de trabalho forçado!