Ao findar um «epitáfio» aos «Textos Sadinos» do Luiz Pacheco, de que o seu amigo editor Raposo Nunes encontrou agora uns quantos exemplares, com um dos quais me cruzei esta tarde, Ângela Caires cita o escritor: «Nada sei do futuro, e o passado quase esqueci. Li muito e foi pior. Conheci gente estranha nesta Viagem». O livro alberga textos diversos, um deles a narrativa da história que levou Pacheco ao Torel, dali ao Tribunal da Boa-Hora, para fundear na cadeia, por envolvimento sexual, porque amoroso, com uma menor. Nas suas próprias palavras «é uma história de amor, triste como o costume. As histórias de amor alegres não são para contar. As verdadeiras acabam sempre mal duma maneira ou doutra». Consegui ler o livro quase todo, esta tarde, nos intervalos da profissão: «estas coisas aos vinte anos custam, lembrá-las aos sessenta faz mossas na nossa alma». Estou quase lá. Mais dois anos, carregado de nódoas negras.