A esmagadora maioria das pessoas têm dias assim: chegam à noite e, para além de terem estado a trabalhar nas suas profissões, é como se nada tivesse acontecido, muitos, porque estiveram confinados ao interior de paredes, lendo enfadonhos papéis, com os olhos de cegueira fixos em écrans de computador, outros porque passaram pelas ruas e pelas pesssoas e nem notaram, no seu rodopiar incessante, que a vida existe ali à mão de a afagar.
O viver contemporâneo é, nas sociedades que construímos, uma forma de estar em coma. Nas cidades o Homem nem percebe que há a Natureza e quase nem repara que há seres humanos dentro de cada indivíduo.
Ao chegarem a casa a quantos nem família os espera, tantos dão de caras com umas pessoas que entre o aparelho de TV e o estarem de saída, por ali passam, porque casamentos, uniões de facto e suas consequências os tornaram convivas forçados do mesmo espaço, partilhando a mesma sanita nem sempre as mesma intimidades.
A esmagadora maioria das pessoas estão tristes e nem sabem porquê.