Acabei esta noite a leitura do Até ao Fim, o romance que o Vergílio Ferreira escreveu em 1987. É uma história, como é normal num romance, que não tinha de terminar assim, mas deixemos isso, porque um autor também tem direito a arranjar modo de se ver livre da servidão da escrita, inventando um fim.
Leio os livros com um lápis na mão, a sublinhar as frases que têem uma ideia, os parágrafos que exprimem um modo singular de dizer. É isso que, esgotada a leitura, me deixa a sensação da natureza marcante desta obra, por ser rara a página em que não ficou uma marca de importância. «Mas quem é que consegue dizer de que trata um romance, mesmo depois de o conhecer?», escreveu Vergílio, como vem na página 214. «Toda a pergunta inclui já uma resposta», li eu uma folhas antes.