21.9.08

A janela entusiasmante

A Avenida de Berna é, pelo inóspito do vento que a varre vindo das furnas do Monsanto, e pela extensão que duplica quando um peão se engana e dá consigo a vaguear como se fosse para a Rua da Beneficência, a linha férrea a atrapalhar, um sítio mau para um turista desorientado. E há muitos desses vagueantes sem norte. Ainda há pouco, vistas do alto desta janela onde se reflecte o tardio poente do Verão que já foi, ali estavam duas debruçadas sobre folhas de um mapa que se volteava. A esta hora fechou a Gulbenkian, de restaurantes das redondezas quase não se fala porque não há, e no Campo Pequeno raramente há bois e o volteio ao redondel é nas galerias de um shoping subterrâneo. Entusiasmado de tão condoído, imagino-as, perdidas, a caminho do Parque, por ruas tristes sem ninguém, rumo ao sombrio e domingueiro lugar de aluguer soturno de uns corpos tresmalhados. Pelo caminho encontrarão El Corte Inglés e duvidarão de que não sejamos um excerto da Espanha, até porque, perdidas de todo, a última referência que tiveram foi, virar à esquerda ao chegar à Praça de Espanha. Moe-me então um assomo patriótico raivoso porque, as tristes, estão sós e pior do que iso sem companhia.