É assim como num imenso hospital, a blogoesfera. Saio ao meu corredor, e no pavilhão dois, porta a porta, como em celas monásticas, ei-los, internados, a sua loucura como única companhia fiel nas madrugadas ansiosas. São, na diminuta clausura de que fazem lar, momentos únicos de beleza. Há no sangrarem-se, esvaindo-se em vida, a beleza inflamada do vermelho dos seus quadros e muitos pintam. Quantos outros fazem da nevrose literatura. Passeio-me silencioso. Talvez eu devesse respeitar o sofrimento de cada palavra, o desespero de cada cor. Muitos estão às grades, mãos enclavinhadas e raivosas, os olhos a pedir que olhem para si. O afago de um comentário lhes bastaria.