12.12.05

O acaso persistente

Este fim de semana dei comigo a pensar como haveria de escrever um livro que começara há semanas a alinhavar, mas que não encontrara ainda forma de se expressar. Hoje, depois do jantar, fui à mala do carro, para alombar escada acima com dois sacos de alfarrábios que comprei há dias a uma elegante e distinta senhora que vende livros com a categoria de quem recebe amigos para um cuidado chá. Uma dessas preciosidades é do Metzner Leone, e é um romance que abre com uma frase que eu sei que é muito minha: «qualquer romance tem, pelo menos, duas histórias: a que conta o livro, e a história do próprio livro». Eis neste livro, nas palavras de outro, o que eu havia pensado para o meu livro. Claro que é uma simples coincidência, daquelas que nos martelam a cabeça de persistentes.