Enfim, a chuva, lavadora de valetas humanas, fecundadora da terra de si ansiosa. A chuva e a sua companheira trovoada. Há muito que a não ouvia, electrizante, ribombando, multiplicando ecos e iluminando-nos com as suas múltiplas estridências. Quando era garoto contava pelos dedos o tempo em segundos da faísca ao trovão e como produto de cada cálculo mental da multiplicação por trezentos e quarenta metros achava a distância do raio, normalmene em quilómetros. Era uma forma infantil de me ir assuntando à medida que o número decrescia.
Um dia, andava pela terceira classe uma descarga fulminou o pára-raios da minha escola. Foi aí que descobri que pequeno é o Homem comparado com a grandeza da Natureza e aprendi a primeira lição de humildade. Nesse dia a minha conta ia dando resultado zero. Igual a nada!