Ontem, ao fim da tarde, em Vila Real de Santo António, descubro um contista, daqueles a quem as editoras sugerem que se atrevam a um romance, mas que são resistentes a teimar na grandeza da pequenez.
No caso chama-se Paulo Kellerman.
Pela noite inicei-me na sua escrita. Abre com um texto no feminino: «lentamente, desligas-te de mim; abandonas-me e esqueces-me, regressas a ti». É a crónica de um amor que findou, um casal a «recuperar os pedaços que cada um cedeu (ou emprestou?) para a construção do nosso amor; pedaços do eu, que formaram um nós. Mas o nós norreu e há que realizar o funeral», escreve, num conto que tem precisamente esse nome «O nosso funeral».
«Você também é um contista», disse-me, acrescentando uma amabilidade, eu tímido, de livro na mão, «já agora, atrevo-me a pedir que mo autografe». Assinou-o e assim ficámos em torno de «Os Mundos que Partilhamos».