16.9.08

O viajante do imaginário

Uma lua imensa no céu, para os que olham para o céu. Atravessava-a, espreguiçando-se, uma nuvem, novelo patrício de fumo azul, atrás da qual se escondia o príncipe de todos os mares, o mar da tranquilidade. Durante a noite o céu escorreria em chuva, abundante, vivificadora, convocando para a madrugada cada um dos passáros da terra e seus gorgeantes cantares. Na terra, seres irmanavam-se então numa cadeia forjada, corrente a corrente, de ânsias de bondade. Pela hora do jantar, em torno do fogo da amizade, quando os primitivos sentimentos se reunem agregados pela força da pertença, uma tribo acolhia, como numa dança ventral, o viajante do imaginário. Foi então que surgiu, na galáxia demencial que lhe povoa a cabeça, calote esférica onde se revolvem todos os firmamentos, a explosão primeira, mãe de toda a vida e de todo o riso. Sentia-se, enfim, em casa.