Precisamente por andar a ler a Manhã Submersa do Vergílio Ferreira lembrei-me que tenho a sua fotobiografia, que o Helder Godinho e o Serafim Ferreira organizaram para a Bertrand. Fui ver, pois de memória tinha presente que ali se referia o filme que o Lauro António realizara sobre o livro auto-biográfico onde relata a passagem pelo seminário e no qual o autor da Aparição faz o papel do Reitor. Assim é e na página respectiva vem este excerto da Conta Corrente, o diário bilioso que foi ruminando entre Lisboa e Fontanelas: «Espantoso. Tenho sido cumprimentadíssimo pela minha aparição na TV, na série da Manhã Submersa. Faço o papel de Reitor, tenho sido felicitadíssimo. No restaurante onde hoje fomos, vários olhares fixos em mim, a identificarem-me. Há quarenta anos a escrever livros. Pouca gente deu conta. Mas só com duas intervenções na TV, sou quase tão célebre como um futebolista». Eis a fábrica de ídolos na sua melhor expressão, surpreendida em plena laboração.