Wenceslau de Moraes compilou em 1925 os artigos que escreveu na revista Serões. Chamou-lhe Serões no Japão. Um deles é sobre a correspondência epistolar no país do sol nascente. Acabei de o ler. A ideia do texto é mostrar como é semelhante a escrita amorosa nipónica e a portuguesa. Quase sem querer Moraes mostra-nos a diferença. No Japão não se escrevia, pintava-se, da direita para a esquerda e de cima para baixo em rolos de papel. Por ser assim é como se o pensamento se alongasse na procura do outro e a carta partisse da mão carinhosa que segura o pincel «até ao coração daquele que, longe, sofre saudades».