2.1.09

O escritor e seus fantasmas

Esta madrugada antes de viajar escrevi, assim como antes de adormecer li. Claro que pela tarde, viajante, estava no reino do bocejo e do aborrecimento. Voltei aqui para escrever que do que li o mais impressionante foi um texto decadentista do Ernesto Sabato sobre o romance.
Sabato que era doutorado em física, achava, na sua visão deseperada do humano que «o nosso romance mais do que uma sucessão de aventuras é o testemunho trágico de um artista diante do qual ruiram os valores seguros de uma comunidade sagrada», essa crise que ele sente ter surgido na Idade Média e que abriria as portas à profanização e com ela ao entertenimento, à diversão, às «imagens sem sangue».
Pode não se achar graça e negar razão. Mas quando se lê uma frase como «os homens escrevem ficções porque estão encarnados, porque são imperfeitos. Um Deus não escreve romances», perdoa-se tudo.